terça-feira, 21 de julho de 2009

Importância do Enxofre para a cultura da soja



M. Sc. Eng.° Agr.° Harley Bernardes Sales

O enxofre, o cálcio e o magnésio são conhecidos como macronutrientes secundários. Embora, do ponto de vista da nutrição vegetal, nenhum nutriente possa ser considerado secundário, quantitativamente é assim que estes nutrientes são tratados. A falta destes elementos no solo pode levar a situações de deficiência, que precisam e podem ser evitadas. A mais grave entre os macronutrientes secundários é a do enxofre (Van Raij, 1991), principalmente porque cálcio e magnésio geralmente são adicionados ao solo em quantidades adequadas através da calagem. Na tabela 01 são apresentados os aumentos percentuais da produção de várias culturas em resposta ao enxofre.


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Dentre os nutrientes, o enxofre se aproxima funcionalmente do nitrogênio. Embora a quantidade de enxofre nas plantas seja 3% a 5% da quantidade encontrada de nitrogênio, estes nutrientes compartilham uma grande versatilidade em reações de oxidação-redução, um atributo que os torna fundamentais em ciclos biogeoquímicos e no metabolismo de plantas. Além disto, o enxofre é constituinte de dois aminoácidos e de várias coenzimas. O nitrogênio é encontrado em vários compostos orgânicos, incluindo todos os aminoácidos e ácidos nucléicos. As assimilações de nitrogênio e enxofre são bem coordenadas, ou seja, a deficiência de um elemento reprime a via assimilativa do outro (Epstein & Bloom, 2006).

A fonte principal do enxofre são as rochas ígneas, nas quais o elemento ocorre, geralmente, em pequenas proporções na forma de sulfato (SO4-2). No solo, a maior parte do enxofre encontra-se na forma orgânica, permanecendo combinado com carbono e nitrogênio como nas plantas, nas quais participa das proteínas. A mineralização de SO4-2 da matéria orgânica é bastante afetada pela relação C:N:S. Assim pode haver imobilização de enxofre mineral se as relações C:S ou N:S forem muito altas. Se as relações forem baixas, ocorrerá liberação de enxofre mineral (Van Raij, 1991).

Atualmente, o S está se tornando um nutriente limitante na produção das culturas, muito mais do que no passado. As razões para esse aumento na necessidade incluem:

• maior produtividade das culturas, que requerem mais S;
• aumento no uso de adubos concentrados que contém pouco ou nenhum S;
• redução nas quantidades de S atmosférico provindas da chuva;
• redução das reservas de S do solo com as perdas de matéria orgânica devido à mineralização e à erosão.
Ao contrário do que acontece com os cátions Ca+2 e Mg+2, que ficam mais retidos na camada arável do solo, o SO4-2 enfrenta três fatores que dificultam a sua permanência na camada superficial do solo, são eles:
• Presença de teores maiores de matéria orgânica, que reduzem a adsorção por óxidos e aumentam a carga negativa do solo, portanto repelindo sulfatos.
• A calagem aumenta o número de cargas negativas do complexo de troca do solo, o que resultou em maior repulsão dos íons sulfato e seu deslocamento no perfil.
• Os fosfatos aplicados em adubações ocupam preferencialmente as posições de troca que seriam ocupados por sulfatos.

De modo contrário, os menores teores de matéria orgânica a 20-40 cm de profundidade, aliados aos teores de óxidos de ferro encontrados nos latossolos, podem resultar em predomínio de cargas positivas e favorecerem a retenção do ânion sulfato (Nogueira & Melo, 2003).

Dentre as espécies cultivadas, a soja é a maior exportadora de S da agricultura brasileira (Yamada & Lopes, 1998). Estima-se que a cultura da soja na safra 2006/2007 exportou 184.000 t de S. A importância do enxofre para cultura da soja esta ligada à formação de aminoácidos, que por sua vez são necessários para a formação de todas as proteínas. A soja é considerada uma fonte de proteína completa, isto é, contém quantidades significativas de todos os aminoácidos essenciais que devem ser providos ao corpo humano através de fontes externas, por causa de sua inabilidade para sintetizá-los.

Com o objetivo de verificar a resposta da soja à aplicação de enxofre, a Embrapa Soja realizou experimentos em vários locais com diferentes doses de enxofre aplicados na cultura da soja. Os resultados podem ser observados na figura 01. As médias de produtividade seguidas por letras diferentes revelam que houve diferença estatística em função da quantidade de enxofre aplicado. Foram observadas repostas positivas na produtividade com acréscimos de até 500 kg/ha.

 


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A seguir será apresentada a recomendação oficial da Embrapa (Catellan et al, 2007) para adubação com enxofre na cultura da soja.


Adubação com enxofre

Para determinar corretamente a necessidade de enxofre (S), deve-se fazer a análise de solo em duas profundidades, 0 a 20 cm e 20 a 40 cm, devido à mobilidade do nutriente no solo e o seu acúmulo em subsuperfície.

A tabela 02 apresenta as quantidades recomendadas, de acordo com a classe de teores. No solo, os níveis críticos são 10 mg dm-3 e 35 mg dm-3 para solos argilosos (> 40% de argila) e 3 mg dm-3 e 9 mg dm-3 para solos arenosos (≤ 40% de argila), respectivamente nas profundidades 0 a 20 cm e 20 a 40 cm (Sfredo et al., 2003)

Considerando a absorção e a exportação do nutriente, a adubação de manutenção corresponde a 10 kg de S para cada 1.000 kg de produção de grãos esperada. A análise de folhas deve ser realizada caso haja dúvidas com a análise de solo. A faixa de suficiência de S nas folhas varia de 2,1 a 4,0 g kg-1 (Tabela 03).

 


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Os sintomas de deficiência de enxofre são muito similares aos da deficiência de nitrogênio (figura 02). Ocorre uma clorose geral das folhas, incluindo as nervuras, que de verde-pálido passam a amarelo.

Os sintomas iniciam-se nas folhas novas, enquanto na deficiência de N os sintomas iniciam-se nas folhas velhas. Em um estádio mais avançado do sintoma, as folhas velhas tornam-se amarelas e depois necrosadas. As plantas deficientes são pequenas e de caule fino (Borkert et al, 1994). Em situações de deficiência menos severa, os sintomas visuais não são aparentes, mas tanto a produção quanto a qualidade serão afetadas.

 


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A decisão para a melhor estratégia de fertilização com S dependerá, entre outros fatores: da reserva de S-SO4-2 no solo; expectativa de produtividade da cultura; época de aplicação; da preferência do comprador; do custo x benefício da fonte de S; dos equipamentos de aplicação e da disponibilidade de fontes que contém o nutriente. Outro fator importante é o efeito da fonte de enxofre sobre o S presente na matéria orgânica do solo. Em algumas situações, a decomposição de substâncias que possuem enxofre na matéria orgânica pode ser comprometida pela adição de enxofre mineral. Isto pode ocorrer devido à inibição da atividade de enzimas ligadas ao ciclo do S, caso da arilsulfatase. Essa enzima pode sofrer inibição pelo íon sulfato e afetar a decomposição do S-orgânico (Nogueira & Melo, 2003).

A marca Manah, possui em seu portfólio excelentes linhas de fertilizantes que fornecem quantidades equilibradas de enxofre para as plantas, são elas:
Fosmag - fertilizante fosfatado diferenciado, produzido com fonte de fósforo exclusiva (multifosfato magnesiano) com solubilidade total e gradual;
Nitrogran - fertilizante nitrogenado diferenciado, possui micronutrientes com excelente solubilidade incorporados aos macronutrientes.

Essas formulações permitem o adequado fornecimento do nutriente para as plantas e, consequentemente, altas produtividades.

 

 

Bibliografia:

BORKERT, C. M.; YORINORI, J. T.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; ALMEIDA, A. M. R.; FERREIRA, L. P. & SFREDO, G. J.  Seja doutor da sua soja. Informações agronômicas N. 66. Piracicaba: POTAFÓS, 1996, p. 1-6.

CATELLAN, A. J. et al. Tecnologias de produção de soja - Região central do Brasil - 2007. Sistema de Produção N. 11.  Londrina: Embrapa Soja, 2007, p. 59-61.

EPSTEIN, E. & BLOOM, A. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. 2. ed. Londrina, Editora Planta,  2006. p. 169-201.

MALAVOLTA, E. Nutri-Fatos: Informação agronômica sobre nutrientes para as culturas. Arquivo do agrônomo N.10.  Piracicaba: POTAFÓS, 1996. p. 11-12.

NOGUEIRA, M. A. & MELO, W. J. Enxofre disponível para a soja e atividade da arilsulfase em solo tratado com gesso  agrícola. R. Brás. Ci. Solo, 27:655-663, 2003.

SFREDO, G. J.; CASTRO, C.; LANTMANN, A. F.; BORKERT, C. M. Resposta da soja a adubação com enxofre. In:  Resultados de pesquisa da Embrapa Soja - 2002: solos. Londrina: Embrapa Soja, 2003, p. 18-22.

SFREDO, G.J.; KLEPKER, D.; ORTIZ, F. R.; OLIVEIRA NETO, W. Níveis críticos de enxofre no solo para a soja, no  Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 29., 2003, Ribeirão Preto. Solo: alicerce dos  sistemas de produção. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo: UNESP, 2003. 1 CD-ROM.

VAN RAIJ, B. Fertilidade do solo e adubação. 1. ed. Piracicaba, Editora Agronômica Ceres, 1991. p. 219-225.

YAMADA, T. & LOPES, A.S. Balanço de nutrientes na agricultura brasileira. Informações Agronômicas N. 84.  Piracicaba: POTAFÓS, 1998. p.2-8.




quinta-feira, 16 de julho de 2009

Cultura de arroz ganha proteção contra doenças



Cultura de arroz ganha proteção contra doenças

Texto: Thais França/AgriZ
Fotos: Divulgação

A Bayer CropScience lança um novo produto com foco na proteção da lavoura do arroz. Trata-se do fungicida Stratego é uma combinação de dois eficientes fungicidas, triazol e estrobilurina, com registro exclusivo para orizicultura no Brasil. Sua ação garante proteção contra mancha-parda e a brusone, as principais doenças da lavoura durante todo ciclo.

O Stratego para o arroz tem como principal ingrediente ativo o Trifloxystrobin, princípio mesostêmico que apresenta alta afinidade com as camadas cerosas da superfície da planta e tem a capacidade de formar uma camada protetora e resistente à lavagem da chuva, o que garante um período maior de proteção da lavoura. Entre  os  principais  benefícios do produto destacam-se: maior proteção por dentro e por fora das folhas, que ocorre devido aos dois modos de ação (sistêmico e mesostêmico), a prevenção e manejo da resistência dos fungos, também devido a associação de dois ativos de grupos químicos distintos e principalmente ao maior rendimento por hectare que resulta da proteção única.

Para o registro na cultura, o fungicida foi testado nas principais regiões produtoras de arroz no Brasil e teve sua eficiência comprovada por renomados órgãos de pesquisa, entre eles Universidade Federal de Santa Maria (RS), Instituto Rio-Grandense do Arroz (IRGA), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural - Epagri (SC) e a Embrapa Arroz e Feijão (GO), "Para competir eficientemente com os produtores estrangeiros, os produtores nacionais precisam exercer um controle fitossanitário que defenda a sua lavoura e principalmente o seu investimento. Comprovadamente, o Strategoâ proporciona resultados muito satisfatórios no controle de doenças e confere o melhor retorno sobre o investimento", destaca Paulo Queiroz, gerente de Marketing e Mercado Fungicidas da Bayer CropScience.

O produto chega reforçando o pacote tecnológico mais completo do mercado, que vai desde sementes e defensivos agrícolas de última geração (produtos para o tratamento das sementes, herbicidas, inseticidas fungicidas) até equipes com engenheiros agrônomos altamente qualificados para oferecer orientação adequada ao orizicultor e contribuir para o aumento da produção brasileira do grão. "A previsão de aumento da demanda de arroz é uma excelente oportunidade para que o país confirme sua posição entre os principais produtores do grão no mundo. A Bayer CropScience, líder nacional no setor de fungicidas para arroz, investe alto em pesquisa e no desenvolvimento de soluções inovadoras para que os orizicultores brasileiros possam contar com o que há de melhor no mercado", conclui Queiroz.

 Fonte: Bayer CropScience do Brasil

terça-feira, 30 de junho de 2009

MPF cobra Santa Bárbara por 51 mil hectares de área desmatada

Empresa injeta investimento bilionário em fazendas com histórico de multas ambientais, trabalho escravo e conflitos fundiários. Nove fazendas do grupo são alvos do MPF, que cobra R$ 686,8 mi por derrubadas ilegais na Amazônia

Por Maurício Reimberg

A Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, que tem entre seus acionistas o banqueiro Daniel Dantas, está sendo processada pelo Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) por desmatamento ilegal de 51 mil hectares da Floresta Amazônica para a criação de gado bovino. A área total das propriedades - que contabilizam um histórico de casos de trabalho escravo e disputas fundiárias - equivale a um terço da área do município de São Paulo (SP). Os procuradores exigem indenização de R$ 686,8 milhões dos pecuaristas e frigoríficos que comercializaram rebanhos criados nas fazendas do grupo.

Ao todo, a Santa Bárbara é alvo de nove ações civis públicas, que envolvem nove fazendas espalhadas em cinco municípios no Sudeste do Pará: Vale Sereno, Santa Ana e Caracol, em Cumaru do Norte (PA); Espírito Santo e Castanhais, em Xinguara (PA); Vale do Paraíso e Rio Tigre, em Santana do Araguaia (PA); Cedro, em Marabá (PA) e Maria Bonita, em Eldorado dos Carajás (PA), local do massacre que subtraiu a vida de 19 sem-terra em abril de 1996. Dessa relação, apenas a Rio Tigre possui licenciamento ambiental. Todas elas estão embargadas.

"A Santa Bárbara aparece como responsável pela maior parte do desmatamento. Verificar as grandes propriedades foi um dos focos principais do Ministério Público Federal. E, na região onde ela atua, há um desmatamento excessivo", declarou o procurador Daniel César Avelino, um dos responsáveis pelos processos, em entrevista à Repórter Brasil. O MPF/PA pede que os rebanhos sejam confiscados para garantir o pagamento das indenizações.

Impacto de grandes fazendas, como as da Santa Bárbara, foi foco do MPF/PA (Foto: Verena Glass)

Maior empresa de pecuária de corte do Brasil, a Agropecuária Santa Bárbara possui 500 mil cabeças de gado em 500 mil hectares de terra, com atuação no Pará, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. O conglomerado do agronegócio, formado em 2005, tem aproximadamente 500 fornecedores ativos no Sul do Pará - onde se localiza quase toda a sua produção -, que fornecem máquinas e equipamentos, material para os funcionários, alimentos, combustíveis, insumos agropecuários, fretes e veículos. Segundo dados da empresa, o investimento entre 2005 e 2008 girou em torno de R$ 1,5 bilhão.

Apesar dessa pujança, a iniciativa do MPF/PA expõe outras fragilidades dos negócios da megaempresa, bem como acirra a discussão sobre rentabilidade econômica e impacto socioambiental. Desde que foi criada, a Santa Bárbara coleciona punições. As nove fazendas processadas já acumulam multas de R$ 288,5 milhões por crime ambiental, somando os autos de infração lavrados em fiscalizações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão federal.

A despeito das punições, Rio Tigre, Santa Ana, Caracol, Vale do Paraíso e Vale Sereno descumpriram embargo do Ibama de 2006. Em vistoria realizada no ano passado, o órgão constatou que não houve suspensão da atividade pecuária nas fazendas em questão. Na Vale Sereno, houve plantio de capim para formação de pastagens em toda a área embargada - denominada "lote 240/243". A área devastada, às margens do Rio Xingu, possui 6,5 mil hectares. Na Maria Bonita, as queimadas sem autorização fizeram desaparecer quase 30 hectares de área agropastoril: 93,3% da fazenda não tem mais cobertura vegetal.

A variedade de derrubadas irregulares coincide com episódios de infrações trabalhistas e fundiárias. Uma das situações mais críticas é a da Espírito Santo, em Xinguara (PA). Mais de 76% de sua área foi desmatada ilegalmente - 10,5 mil hectares estão sem cobertura vegetal. Segundo a fiscalização in loco feita pelo Ibama, a pecuária impediu a regeneração da vegetação nativa. A fazenda já não estava autorizada a exercer qualquer atividade.

Nessa mesma propriedade, foi registrada, em setembro de 1989, uma tentativa de assassinato. Aos 17 anos, o trabalhador rural José Pereira Ferreira foi atingido por uma bala no rosto por funcionários da Espírito Santo quando tentava escapar do trabalho escravo. À época, a fazenda pertencia a Benedito Mutran Filho. O caso ainda está em aberto, aguardando julgamento de acusados. A família Mutran é uma das mais ricas do Pará e já teve várias fazendas na "lista suja". Segundo o MPF/PA, Benedito ainda atua como dono da fazenda.

O mais recente episódio envolvendo a Espírito Santo ocorreu em abril de 2009. Conflito entre acampados e "seguranças" da Santa Bárbara deixou nove feridos a bala - oito sem-terra e um funcionário da empresa. Além disso, ação judicial do Instituto de Terras do Pará (Iterpa) contesta a posse da fazenda. Segundo a denúncia, o local teria autorização para produzir castanha-do-pará, mas as terras são usadas para a criação de gado, o que contraria a legislação.

"Tal como outros inúmeros castanhais do Pará, as propriedades (adquiridas pela Santa Bárbara) exploram pecuária há várias décadas. E isso é legal, por extinção do aforamento (termo jurídico que designa terras cedidas pelo Estado para colonização e produção extrativista), há mais de meio século", alega a Agropecuária Santa Bárbara, em nota oficial enviada à Repórter Brasil. "Antes do julgamento da ação civil pública pelo Judiciário, o Estado não tem o direito de afirmar que a terra é pública", argumenta a representação da empresa.

Apesar do impasse fundiário, dos violentos conflitos e do passivo ambiental - na Amazônia Legal, as propriedades rurais devem preservar 80% da área a título de Reserva Legal -, a Fazenda Espírito Santo conseguiu vender grandes quantidades de gado bovino para grandes frigoríficos como Bertin e Redenção. As Guias de Trânsito Animal (GTA) mostram que as transações comerciais de gado foram feitas em nome da Agropecuária Santa Bárbara.

Escravidão
A coincidência geográfica e econômica que une desmatamento e trabalho escravo também aparece na Santa Ana e na Rio Tigre. As fazendas tiveram que desembolsar R$ 532,7 mil, ao todo, em indenizações emitidas em decorrência de fiscalizações de trabalho escravo. Os flagrantes ocorreram antes da aquisição da área pela Santa Bárbara. A Rio Tigre, porém, permanece na "lista suja", cadastro de empregadores que exploraram mão-de-obra escrava. Questionada sobre a punição, a Santa Bárbara disse que não é proprietária da fazenda. Segundo a empresa, o local era apenas arrendado e o contrato foi encerrado em abril deste ano, sem possibilidade de renovação.

Rosenval Alves dos Santos, proprietário da Rio Tigre, em Santana do Araguaia (PA), aparece na "lista suja" do MTE. Em junho de 2004, o grupo móvel libertou 78 trabalhadores no local. A ação foi motivada por denúncias de maus-tratos e cerceamento da liberdade. Rosenval foi incluído ainda em outra lista: a relação dos 100 maiores devastadores da floresta do Ministério do Meio Ambiente (MMA), divulgada no início de 2008. No processo movido pelo MPF, a Santa Bárbara foi autuada como "arrendatária" da fazenda. 

Em fevereiro de 2003, o grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) encontrou 99 trabalhadores escravos na Santa Ana, em Cumaru do Norte (PA). Na época, o local pertencia ao deputado federal Augusto César Farias (PTB-AL), irmão de Paulo César Farias - tesoureiro da campanha de Fernando Collor à presidência - e à sua irmã, Eleuza Farias Leôncio. 

Após a inspeção, os dois chegaram a ser presos, mas saíram logo da cadeia mediante um habeas corpus. Augusto Farias, sua irmã e mais cinco envolvidos no episódio respondem a processos pelos crimes de redução de pessoas a condição análoga à de escravo, contra a liberdade individual, frustração de direitos trabalhistas e sonegação de contribuição previdenciária. Além disso, a Santa Ana Agropecuária e Industrial, que controlava a fazenda e é ré na ação do MPF, também está na lista dos maiores desmatadores do MMA.

Após o episódio, a fazenda foi adquirida pela Santa Bárbara. A mudança na administração não foi suficiente para interromper as infrações. Segundo fiscais do Ibama, a propriedade está intensificando as derrubadas irregulares. Em 2006, não havia cobertura vegetal em 870 hectares da Santa Ana. Esse índice saltou para mais de três mil hectares no ano passado.

Segundo dados da Secretaria de Fiscalização do Trabalho (SIT), do MTE, em 2008 o Pará teve o maior número de operações para a erradicação do trabalho escravo (35), liderou o ranking de fazendas fiscalizadas (83), e ocupou o segundo lugar no índice de trabalhadores libertados (811), atrás apenas de Goiás (867). O Estado também é recordista em pagamento de indenizações por descumprimentos da legislação trabalhista (R$ 2,1 milhões).

No ano passado, a atividade pecuária ficou em segundo lugar no ranking do número de libertados por atividade econômica (1.029). De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), só houve mais libertações nas lavouras de cana-de-açúcar (2.553). A diferença de volume se deve ao fato de a colheita da cana utilizar força de trabalho intensiva. Considerando o número de propriedades que foram palco de libertações, a pecuária bovina ocupa o primeiro lugar. Nas fazendas de gado, quando há prática da escravidão, os relatórios de fiscalização do MTE apontam grupos menores e condições de trabalho extremamente graves.

"Perseguições"
Em comunicado oficial, a Santa Bárbara, que já recorreu das ações, alega que cumpre a legislação ambiental "com rigor e responsabilidade" e atribui os processos judiciais às supostas "perseguições políticas". "Todas as propriedades operadas pela companhia mantêm hoje igual ou maior cobertura florestal do que quando foram adquiridas a partir de 2005", afirma a nota. A empresa diz cumprir a Norma Regulamentadora (NR) 31, que trata do trabalho rural.

Pela lei, quem compra uma área desmatada assume o ônus de manter a preservação e a reposição da reserva legal, mesmo que não tenha contribuído para devastá-la. Contudo, o grupo sustenta que "não se pode imputar à Santa Bárbara os passivos fundiários que possam recair sobre as propriedades". "Há possibilidade de as áreas exploradas pela pecuária e agricultura terem passivo ambiental", admite a empresa à Repórter Brasil.

A empresa do agronegócio afirma que nunca sofreu condenação ambiental e diz que se opõe "àqueles que se aliam na defesa dos mercados concorrentes contra o baixo custo de produção da carne brasileira". A Santa Bárbara nega ainda que mantenha ligação com Verônica Dantas, irmã de Daniel. As ações do MPF contra a empresa citam nominalmente Verônica, Carlos Rodenburg, ex-cunhado de Dantas, e Rodrigo Otavio de Paula.

Símbolo das relações conflituosas entre interesses públicos e negócios privados nas últimas décadas, o banqueiro Daniel Dantas impulsionou os seus negócios ao longo de três governos (Collor, FHC e Lula). Fundador do grupo Opportunity em 1994, ele foi o alvo principal da Operação Satiagraha da Polícia Federal, deflagrada em julho do ano passado, e indiciado sob acusação de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, gestão fraudulenta, sonegação e evasão de divisas. Ele chegou a ser preso em julho de 2008.

Acossado por denúncias de corrupção, uma das mais recentes apostas do banqueiro é o setor da pecuária. A Santa Bárbara, uma sociedade anônima, segue uma tendência de entrada de grandes grupos financeiros que estão investindo em produção de gado na Amazônia. Formalmente, o banqueiro não tem "função executiva" na empresa. No entanto, a Polícia Federal suspeita que as atividades agropecuárias de Daniel Dantas tenham sido usadas para lavar dinheiro do grupo, que nega a acusação.

Apesar de não ter tradição no segmento, o número de bois pastando nas terras da empresa "cresce alucinadamente". É o que atesta o estudo "Conexões Sustentáveis São Paulo - Amazônia: Quem se beneficia com a destruição da Amazônia?", elaborado por jornalistas da ONG Repórter Brasil e da Papel Social Comunicação, e divulgado em outubro do ano passado. O relatório cita que, apenas entre 2006 e 2007, o incremento no rebanho foi de 365%.

Cadeia produtiva
O processo contra a Santa Bárbara, ligada a Daniel Dantas, faz parte de um pacote de 21 ações ajuizadas pelo MPF no início de junho, numa tentativa de desmantelar os elos da cadeia produtiva da pecuária, maior vetor de desmatamento na Amazônia e principal fonte de emissões de gases do efeito-estufa do Brasil. "A idéia é ligar o lado social ao ambiental, porque de fato há uma correspondência entre trabalho escravo, invasão de terra indígena e a questão ambiental", diz o procurador Daniel César Avelino.

Baseada em pesquisa nos registros de compra e venda de bois, nas fiscalizações do Ibama e em estudos realizados por diferentes organizações, como as ONGs Greenpeace e Amigos da Terra, a Procuradoria da República no Pará processou 21 fazendas e 13 frigoríficos e curtumes da região. Ao todo, as indenizações totalizam R$ 2,1 bilhões e a área devastada atinge quase 160 mil hectares.

A Procuradoria também notificou 69 empresas que adquiriram insumos produzidos de forma ilegal. A relação inclui as maiores redes varejistas do país - como Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart -, além de grandes indústrias, atacadistas e empresas de serviços, como a Coteminas e Vulcabras, dona das marcas Reebok, Olympikus e Azaléia. Caso não adotem um sistema de controle dos seus fornecedores, todas serão denunciadas por "responsabilidade solidária e objetiva" com os ilícitos ambientais.

Segundo o Greenpeace, que divulgou o levantamento "A Farra do Boi na Amazônia", a cadeia produtiva do "consumo cego", que absorve o gado "pirata" da floresta, se estende até a Europa, a Ásia e a América do Norte. O couro, por exemplo, vira calçados, tênis, roupas, mochilas e assentos de automóveis no exterior. Atualmente o Brasil possui o maior rebanho comercial do planeta e é o maior exportador mundial de carne.

O Bertin, um dos maiores frigoríficos do país, possui quatro unidades no Pará. Entre as suas principais fornecedoras está a Agropecuária Santa Bárbara. Segundo o MPF, o frigorífico fez compras de gado recentes na Espírito Santo, Vale Sereno, Cedro, Maria Bonita e Santa Ana. O frigorífico também negociava gado criado em Terra Indígena (TI), protegida pela lei e demarcada na região de São Félix do Xingu (PA). Neste mês, a IFC, ligada ao Banco Mundial, cancelou a parceria que tinha com o Bertin desde 2007.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que detém participação no capital do Bertin e em vários outros frigoríficos, diz estar em "tratativas com o setor para aumentar o controle da cadeia de fornecedores". Sem especificar quais medidas deveriam ser adotadas, o banco alega que os ajustes "vão além das regras já existentes e cumpridas de não conceder financiamento a empresas que desrespeitem o meio ambiente e que adotem trabalho escravo e mão-de-obra infantil".

Boicote 
Até o momento, 31 empresas acataram a recomendação do MPF e anunciaram a suspensão das compras dos frigoríficos e fazendas envolvidos com desmatamento no Pará. A lista inclui os maiores varejistas do país, como Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart, além da Vicunha Têxtil, Vulcabrás, Ypê, Sadia e Gelita do Brasil. Quatro empresas (Nordeste, GR, Formosa e Rousselot) pediram prorrogação do prazo para tomar as providências necessárias. O período estabelecido para o recebimento das respostas termina nesta semana.

"(Com o fim do prazo) a empresa vai passar a ser responsável por qualquer compra que ela efetuar", alerta o procurador Daniel Avelino. "Nosso principal objetivo é barrar o desmatamento e permitir que a economia cresça de forma mais sustentável", declara. No entanto, as empresas BBA, Makro, Comcarne e Seara argumentaram que já exigem selos de inspeção federal e notas fiscais ao comprarem produtos dos frigoríficos processados. Elas consideram suficientes as garantias existentes.

Em nota encaminhada ao MPF/PA, o Grupo Pão de Açúcar, maior rede varejista do país, afirma que recebeu com "grande surpresa" a notificação, e que reforça seu repúdio a qualquer ato praticado em desacordo com a legislação em vigor. O grupo solicitou aos frigoríficos de que apresentem ao MPF um plano de auditoria socioambiental que comprove a origem do gado a ser comercializado.

Diante dos interesses econômicos dos pecuaristas e das indústrias ligadas à carne e ao couro, o procurador Daniel César Avelino afirma que é fundamental dar mais esclarecimento ao consumidor sobre a procedência da carne, no intuito de superar o alto nível de impunidade dos crimes ambientais e a ausência do poder público. "A questão do controle do consumidor tira a dependência da Justiça", acredita. Segundo o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), apenas 14% dos infratores que cometem crimes em áreas protegidas no Pará são punidos.

Recusa
A tentativa de acordo entre o MPF e os frigoríficos esbarrou um impasse. Segundo a Procuradoria da República no Pará, a União das Indústrias Exportadoras de Carne (Uniec) se recusa a se comprometer com datas, prazos ou sistemas de controle. Os procuradores enviaram nesta quinta-feira (25) uma resposta ao documento elaborado pela Uniec que, segundo o MPF, não traz garantia consistente de busca pela legalidade e sustentabilidade do setor pecuário no Pará.

O MPF tinha apresentado ao setor uma proposta de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), sob a mediação do governo do Pará. Entre as condições básicas para um entendimento, estava o licenciamento ambiental a médio prazo, georreferenciamento das fazendas, regularização fundiária, recomposição das áreas degradadas e rastreabilidade da carne.

Atualmente, nenhum frigorífico implementa um processo para verificação da origem legal do rebanho que os abastece. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que criticou a ação do MPF, defende que o setor adote um "código de conduta" contra o abate e o processamento de gados do desmatamento.

Para tentar frear o processo de destruição causado pela expansão desordenada da pecuária, que impulsiona o surgimento de áreas degradadas, solos empobrecidos, grilagem de áreas públicas e demanda cada vez mais terras, o Ministério Público Federal pretende agora expandir as medidas de verificação da cadeia produtiva para outros estados da Amazônia Legal. As pastagens para a criação extensiva do gado são responsáveis por cerca de 80% dos desmates na Amazônia Legal.

http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1603




quinta-feira, 25 de junho de 2009

Pará proíbe o plantio de soja por dois meses

De 15 de julho a 15 de setembro, as microrregiões de Conceição do Araguaia, Redenção, Itaituba, Marabá e Altamira estão proibidas de plantar soja. A vedação do plantio se estende de 1º de outubro a 30 de novembro às microrregiões de Santarém, Altamira, Paragominas, Bragança e Guamá. Em todas as regiões citadas, nos respectivos períodos em que o plantio estará proibido, é obrigatório também o extermínio de plantas que tenham nascido voluntariamente - na queda dos grãos em terrenos durante o transporte.

A moratória para o plantio de soja integra o conjunto de medidas adotadas pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) para o combate à ferrugem asiática, uma praga que ataca a soja e pode causar terríveis prejuízos à plantação. O rápido amarelecimento da planta, com queda das folhas, causa perdas de 30% a 75% da produção. Atendendo à Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Adepará instituiu o Comitê Estadual de Controle da Ferrugem Asiática da Soja, cuja responsabilidade é planejar, executar e fiscalizar o vazio sanitário da soja no Estado - uma prática que impede o plantio de soja por determinados períodos, de acordo com as peculiaridades de cada microrregião paraense, no intuito de evitar a contaminação da ferrugem asiática nas plantações do território do Estado.

Amparada no Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS), a moratória da soja busca o fortalecimento do sistema da produção agrícola do grão no Pará e manutenção da arrecadação de impostos decorrentes desta produção. (Agência Pará)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Ferrugem Asiática da Soja no Estado do Pará, Safras de 2003/2004 e 2004/2005

ACESSE AQUI

Soja BRS candeia: comportamento e recomendação para plantio nas microrregiões de Paragominas e Santarém, PA.

BRS Tracajá cultivar de soja para a região Sul do Pará

Recomendação de Cultivares de Soja para a Microrregião de Paragominas, Pará

A Mela da Soja no Estado do Pará

O Pólo de Paragominas é formado pelos municípios situados ao longo da Rodovia Belém-Brasília, a partir de São Miguel do Guamá, até Dom Eliseu, cobrindo uma extensão de 250 quilômetros. As áreas que compõem este pólo, em torno de 5,37 milhões de hectares, vêm sendo utilizadas, nos últimos 40 anos, para criação de gado de corte e exploração madeireira, bases da economia da região (SINDISERPA, 200-?). O relevo é suave a fortemente ondulado e os solos são classificados, em sua maioria, no grupo Latossolo Amarelo, textura argilosa a muito argilosa, com boas propriedades físicas e baixa fertilidade natural. As pastagens cultivadas são estimadas em dois milhões de hectares e as áreas passíveis de exploração madeireira estão cada vez mais afastadas.
Aproximadamente 500 mil hectares de pastagens degradadas em solos suavemente ondulado são propícios à produção de grãos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Primeiro trator 8430 vendido no Pará é entregue em Ulianópolis



O primeiro trator 8430 vendido no estado do Pará foi entregue no dia 29 de agosto ao empresário Davi Resende Soares, no município de Ulianópolis. O comprador é cliente da Agrinorte, concessionário John Deere em Paragominas. O trator 8430 tem motor de 310 cv, sendo o modelo de maior potência da John Deere comercializado no Brasil.

A entrega técnica foi realizada com a presença do filho de Davi Resende, Lindomar Resende, que já possui 14 tratores John Deere, além de uma plantadeira 9200 e uma colheitadeira 1550. A entrega do equipamento contou com a presença do coordenador de vendas da John Deere Luiz Henrique Medeiros, o gerente de Peças da Agrinorte José Carlos, o gerente de Serviços Jorge Marcelo Felten e o CEN Bruno Fernandes.

http://www.deere.com.br/pt_BR/ag/news/2007/09/news_04_09_07_iii.html

Produtores do Pará também participam do Tratoraço

http://www.cna.org.br/site/noticia.php?n=6373

As principais reivindicações dos produtores paraenses que participam do Tratoraço - o Alerta do Campo são a regularização fundiária das propriedades rurais do Estado e a comercialização da safra, já que os estoques de milho e arroz estão muito altos, segundo o diretor da Federação da Agricultura do Estado do Pará (FAEPA) e presidente da comissão organizadora do tratoraço no Pará, Agamenon Menezes. Ele explica que 60% das propriedades rurais do Pará não têm titulação porque há mais de 20 anos o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não regulariza áreas maiores de 100 hectares. "Sem a regularização, o produtor rural não consegue financiamento do crédito rural para a safra e isso agrava a situação".

O principal problema para os produtores de arroz, de acordo com o representante do Sindicato Rural de Santarém (Sirsan), Luiz Assunção, é a concorrência predatória do produto importado do Suriname, com preço de venda de R$ 20,00, abaixo do custo de produção local, de R$ 23,00 a saca. Já com o milho, o problema é a concorrência interna de alguns estados do Nordeste, incentivada pelo próprio governo. Agamenon Menezes diz que, em Paragominas, por exemplo, há um estoque de 600 mil toneladas, sem preço de comercialização. "E sem comercializar a produção, não há como comprar os insumos necessários para a próxima safra".

O presidente da comissão organizadora estadual do Tratoraço disse que a comitiva dos produtores paraenses em Brasília conta com 70 produtores. A exemplo de outros estados do País, os produtores do Pará também defendem medidas como o seguro agrícola, defesa sanitária e melhoria da infra-estrutura. "Nós precisamos melhorar muito a situação das nossas rodovias. Também precisamos ampliar e tornar operacionalmente mais eficiente o nosso sistema portuário".

http://www.sober.org.br/palestra/9/728.pdf

http://www.direito2.com.br/asen/2005/jun/28/liderancas-do-tratoraco-participarao-de-audiencia-publica

http://www.sulrural.com.br/pdf/2005-07-08e09.pdf

CEM ANOS DE DEVASTAÇÃO



Cem anos de devastação: revisitada 30 anos depois/Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas: Mauro Antônio Moraes Victor... [et al.]. – Brasília:
Ministério do Meio Ambiente, 2005.72 p, 23 cm.
1. Floresta Tropical. 2. Impacto ambiental. 3. Desmatamento.
I. Victor, Mauro Antônio Moraes. II. Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. III. Série.

http://www.fepaf.org.br/DownCount_Default.aspx?arq=165

terça-feira, 16 de junho de 2009

Chuvas causam prejuízo de 40% na safra de grãos do Pará



BELÉM - O excesso de chuvas no Pará nos últimos dois meses causará prejuízo de até 40% na colheita da safra de grãos deste ano, como arroz, feijão, milho e soja. A estimativa é dos grandes produtores paraenses e especialistas da Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri). De acordo com eles, o percentual de perda será maior nas áreas onde a colheita é realizada mecanicamente. As informações são do Portal ORM.

Segundo o gerente de Grãos e Tubérculos da secretaria, Ribamar Nogueira, são os produtores que utilizam máquinas para colher a produção que terão os maiores prejuízos. Isso porque, segundo o gerente, o excesso de chuvas prejudicou o solo das lavouras e agora é impossível utilizar o maquinário para a colheita com o solo em condições arriscadas.

Ribamar ressalta que os pequenos produtores não terão tantos prejuízos quanto os grandes agricultores. No entanto, a perda será para todos.

- Os que fazem a colheita manualmente não terão tantos prejuízos, mas todos vão acabar sentindo a perda- , diz Nogueira em entrevista do Portal ORM, acrescentando que a colheita foi programada para os meses de maio e junho por conta, principalmente, da pouca chuva que cai no Estado neste período.

O gerente regional da Sagri em Paragominas, Cláudio Oliveira, afirma que mais de 50 grandes produtores do município tiveram sua produção afetada pelo excesso de chuvas. Segundo ele, este tipo de prejuízo nunca tinha acontecido antes. 'Sempre temos uma margem de perda, mas não é nada muito grande. É a primeira vez que o prejuízo acontece por conta da chuva', lamenta Oliveira.

Os problemas climáticos não afetaram apenas a produção paraense de grãos. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2008/2009 deverá ficar em torno de 134,1 milhões de toneladas, o que representa uma perda de quase 10 milhões de toneladas em todo o País.

Fonte: Com informações do Portal ORM - AL

Uma nova fase da pecuária brasileira


http://www.amazonia.org.br/arquivos/259381.pdf

http://www.amazonia.org.br/arquivos/313478.pdf

http://www.greenpeace.org.br/gado/FARRAweb.pdf

http://www.greenpeace.org/brasil/amazonia/gado

sábado, 13 de junho de 2009

Origem dos Murundus: uma questão em aberto!

Os Murundus são geoformas (formas do terreno ou unidades do relevo) encontradas em diversas áreas do território brasileiro, bem como na África (sabendo-se que os da África possuem dimensões muito maiores). Segundo o Dicionário Aurélio, murundu significa montículo, morrote, outeiro. Trata-se de pequenas elevações do terreno, cujo formato tem a semelhança de uma seção esférica ou meia laranja, com variada convexidade, cujas configurações podem variar de arredondadas a elípticas. Geralmente não passam de três metros de altura. A maioria possui menos de dois metros. Segundo alguns autores, sua base pode atingir até 15 metros de diâmetro. Ocorrem de forma abundante em determinadas áreas, formando campos de murundus.

Para quem nunca viu, ou notou, um ambiente desses, o aspecto da área é semelhante àquele que se tem quando se observa à distância uma área de aterros, comuns nas obras de engenharia civil, em que os caminhões depositam suas cargas em uma sequência de vários montículos de terra. A imagem é mais ou menos essa.

A gênese dos murundus é um objeto de discussão na Ciência do Solo, pois ainda não há um consenso a esse respeito. Simplificadamente, a questão é a seguinte:

Alguns autores defendem a origem predominantemente geomorfológica dos murundus, portanto seriam relevos residuais, ou seja, a dissecação (erosão) diferencial do terreno seria a sua principal causa. A erosão diferencial, em linhas gerais, é aquela que, em uma unidade de área, remove preferencialmente determinadas seções da superfície de forma mais acentuada, deixando outras para trás. Ou seja, rebaixa o nível do terreno de forma desigual, deixando alguns "núcleos" que formam os morros da paisagem que vemos.

Outros autores defendem a origem biológica, que seria promovida pela mesofauna, principalmente pelos térmitas (cupins), de forma geralmente cumulativa, um ninho sobre o outro, com alguma contribuição indireta da fauna de predadores desses organismos. Assim, os montículos seriam ninhos abandonados (fósseis) de térmitas, bem como grandes termiteiros ainda ativos que podem ser observados em alguns casos. Ambos oferecendo alguma resistência aos processos erosivos de superfície.

Os defensores da origem geomorfológica argumentam que, em algumas áreas, principalmente nas vertentes de vales, não existem evidências de ação da mesofauna, como canais ou restos da estrutura dos ninhos de térmitas. A morfologia interna dos montículos em tais áreas se assemelha àquela dos Latossolos. Além disso, os murundus tendem a ter uma concordância de topos, isto significa que suas partes mais elevadas têm alturas mais ou menos concordantes, sugerindo uma superfície regular que sofreu erosão diferencial.

Os defensores da origem biológica argumentam que, em muitos casos, principalmente em depressões fechadas, existem evidências da ação biológica da mesofauna, justamente canais e restos da estrutura de termiteiros. O interior desses murundus apresenta uma organização estrutural característica dos ninhos de térmitas. Além do fato de que podemos encontrar montículos com termiteiros ainda ativos. Tais autores apontam, entre outros argumentos contrários à origem geomorfológica, que sob uma dinâmica de erosão diferencial tais elevações deveriam ser, preferencialmente, mais alongadas no sentido da declividade do terreno e aqueles murundus das partes mais elevadas deveriam ser menores do que os das cotas mais baixas, o que não parece ser o caso, principalmente o fato de que a hipótese geomorfológica não explica a ocorrência de murundus em depressões fechadas.

Até prova em contrário, parece-me mais plausível a origem biológica. Pois, mesmo naqueles casos em que não há evidências da ação biológica, onde a estrutura interna dos murundus assemelha-se à dos Latossolos, acredito que não podemos descartar a ação dos térmitas. Neste caso, a ausência de evidência não implica necessariamente em evidência de ausência. O ambiente, favorável à gênese dos Latossolos, pode ter favorecido a latolização daquela unidade do relevo "apagando" as evidências da ação biológica. Neste sentido, seria interessante datar as diversas áreas, observar se há diferenças de idade geológica, diferenças paleoclimáticas, diferenças ou semelhanças na micromorfologia e outras razões que poderiam promover a evolução diferencial de pedogênese entre elas, ou seja, fazendo com que em alguns murundus, mais envelhecidos, não existam mais vestígios da ação biológica. É apenas uma especulação.

Aos interessados, isso dá uma boa tese de doutorado. Embora já existam alguns trabalhos tratando do assunto, a dúvida ainda persiste.

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segunda-feira, 1 de junho de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

Secretaria de Meio Ambiente do Pará fecha o cerco a madeireiras ilegais



O órgão suspendeu a atividade de 458 empresas, que são suspeitas de extração ilegal de madeira. Elas estão impedidas de derrubar árvores, beneficiar e comercializar o produto.

Plantio de soja não contribui mais para o desmatamento da Amazônia



Graças à pressão de consumidores do exterior e de modernas tecnologias, o plantio da soja não é realizado em áreas de desmatamento. Agora, o Governo Federal quer que a pecuária siga o exemplo.





Sexta-feira, 30/01/2009

Os dados se referem ao intervalo entre 2000 e 2005. Os 17% devastados equivalem ao território da Venezuela. Segundo o jornal francês Le Monde, a maior parte da devastação foi no território brasileiro.

sábado, 23 de maio de 2009

Ulianópolis Historico

Ulianópolis
Pará - PA
Histórico

A colonização da área que em 1991 foi transformada no município de Ulianópolis
começou em 1958, quando os pioneiros montaram um pequeno acampamento sob um pé de
Cumarú, próximo a um riacho. O encarregado do acampamento, o engenheiro Bernardo
Sayão, ao ver o pequeno curso d`água pensou tratar-se do Gurupí, rio que estabelece a
divisa dos Estados do Pará e Maranhão. Ao saber que era apenas um afluente do Gurupí,
ele chamou o rio de Gurupizinho.
O povoado, que também começou a ser chamado de Gurupizinho, passou a abrigar
na década de 60 várias famílias, atraídas pelos projetos de colonização da Amazônia e pelafacilidade em conseguir terras na região. Entre as primeiras famílias a chegar ao local estava a Uliana, nome que deu origem a denominação atual do município. O local, que recebia muitos migrantes de outros estados, principalmente do Espírito Santo, inicialmente ficou conhecido como Gurupizinho dos Capixabas.

Gentílico: ulianopolense

Formação Administrativa

Elevado à categoria de município com a denominação de Ulianópolis, pela lei
estadual nº 5679, de 13-12-1991, desmembrado de Paragominas. Sede no antigo distrito de Ulianópolis. Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1993.
Em divisão territorial datada de 1-VI-1995, o município é constituído do distrito
sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.

Relatório mostrará efeitos da expansão da cana-de-açúcar em MT

Na safra em que o otimismo generalizado no setor sucroalcooleiro foi substituído pelo receio quanto ao futuro, quem "pagou o pato" foram os empregados rurais, cujas condições de trabalho e de remuneração, já distantes do ideal, precarizaram-se ainda mais. Essa é uma das avaliações que será apresentada pelo relatório "O Brasil dos Agrocombustíveis - Cana 2008", que deve ser lançado oficialmente ainda este mês pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da ONG Repórter Brasil.

Para fazer o estudo, pesquisadores do CMA visitaram oito estados - Acre, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Em todas as regiões, identificaram in loco os impactos causados pela expansão canavieira, além de entrevistar trabalhadores, empresários, administradores públicos, pesquisadores e moradores.

Na região de Ribeirão Preto (SP), conhecido polo sucroalcooleiro, cortadores fizeram greves, por exemplo, para conseguir aumento. A cesta básica no estado de São Paulo subiu 16,1% em 2008, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), mas o reajuste salarial dos trabalhadores ficou em torno de 7%.

De acordo com a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), muitos grevistas foram punidos com demissão pelas empresas do setor. Sindicatos de trabalhadores reagiram com uma série de medidas judiciais. Vale lembrar que o setor sucroalcooleiro liderou em 2008 o ranking de número de libertados no Brasil: foram 2.164 (49%) entre o total de 4.428 trabalhadores, ante os 954 (22%) libertados na atividade pecuária bovina e os 591 (13%) em outras lavouras.

Impactos ambientais, diretos ou indiretos, também foram captados pela pesquisa do CMA. Apresentado como exemplar para a substituição do petróleo, e como alternativa importante no combate ao aquecimento global, o etanol brasileiro tem representado ameaças à biodiversidade, aos recursos hídricos e à qualidade do ar mesmo no Centro-Sul - que engloba o Sudeste, o Centro-Oeste e o Sul, onde estão 87,8% da produção nacional de cana.

Em 2008, o setor sucroalcooleiro foi o campeão de multas mais elevadas - acima de R$ 15 mil - no Estado de São Paulo, motivadas por emissão de poluentes em desacordo com a legislação. No Mato Grosso do Sul, o Pantanal se vê ameaçado nos últimos anos pela expansão dos canaviais, que também afeta diretamente os povos indígenas encurralados da região.

Pesquisadores também registraram casos de exploração de trabalhadores no Nordeste. Em Alagoas, uma força-tarefa do Ministério Público do Trabalho (MPT) esteve nas 15 das maiores usinas do estado e constatou irregularidades que atingiram mais de 20 mil trabalhadores em 14 delas.

Local de históricos conflitos entre usineiros e movimentos sociais, Pernambuco também foi cenário de crimes ambientais cometidos por usinas de açúcar e álcool. Em grande parte responsável pela dizimação da Mata Atlântica local, a cana ganhou fôlego com incentivos estaduais e novos empreendimentos. As usinas, porém, raramente cumprem a legislação ambiental de áreas de proteção permanente e reservas legais. Ao longo do ano, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou todas as 24 usinas em Pernambuco com base nesses crimes.

Áreas da Amazônia também foram visitadas para a confecção do relatório. O zoneamento ecológico e econômico da cana, prometido pelo governo federal como forma de evitar o avanço da monocultura em substituição às florestas, ainda não foi concluído. A despeito de ainda não representar uma cultura muito difundida na região, o caso da Fazenda e Usina Pagrisa deixou um legado simbólico. Em junho de 2007, mais de mil pessoas foram encontradas em condições análogas à escravidão na propriedade em Ulianópolis (PA), na maior libertação de trabalhadores já realizada pelo grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O relatório do CMA sobre os impactos da cana-de-açúcar no Brasil é mais um da série "O Brasil dos Agrocombustíveis", que já possui análises sobre soja, mamona, dendê, algodão, milho e pinhão-manso. Ao longo de 2009, novos relatórios de impacto serão produzidos sobre essas culturas, com o objetivo de avaliar a evolução das práticas trabalhistas e ambientais nas lavouras de culturas utilizadas para a produção de agrocombustíveis no Brasil. (Fonte: 24 Horas News/MT)

Produção de grãos enfrenta barreiras


Edição de 19/01/2009

Paragominas - Entraves impostos pela Sema e pelo Incra atrapalham os agricultores
EDIVALDO MENDES

Correspondente em Castanhal

Os entraves burocraticos criados pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) na liberação de áreas degradadas localizadas em Paragominas e região, para a produção de grãos, já começa a mostrar seus efeitos perversos para os quase 90 produtores que há 12 anos impulsionam a agricultura no nordeste paraense, assim como para a população de um modo geral, que, cedo ou tarde, é quem vão sentir os efeitos, na outra ponta. Sem as licenças ambientais da Sema, eles não ter’ao acesso a financiamentos bancários para tocar a safra 2008/2009. Estão sendo obrigados a correr atrás de dinheiro em banco privados, com a família ou através das empresas que vendem os insumos básicos para o plantio (adubos, sementes, defensivos, etc).

Segundo informações fornecidas pelo engenheiro agrônomo Dulcimar Pensin, que atua no fomento da produção de grãos em Paragominas, apenas um grupo formado por três produtores de grãos conseguiu crédito agrícola na agência do Banco do Brasil do município. O Banco da Amazônia não liberou um centavo. Levando-se em conta que, antes das amarras da Sema, esses bancos garantiam o custeio de pelo menos 70% dos produtores, não é difícil entender a atual situação da agricultura de grãos naquela região, assim como as conseqüências que isso poderá causar diretamente na mesa do paraense.

E elas já começaram. Semana passada, os produtores anunciaram uma redução de 30% da produção de milho, que é o carro chefe da agricultura em Paragominas, Ulianópolis e Dom Eliseu, municípios que concentram quase toda a produção de grãos no nordeste paraense. Vai passar das 2.860 milhões de sacas produzidas na safra 2007/2008, para pouco mais de 1.800 milhão de sacas. O milho paraense é responsável hoje por 70% do abastecimento do setor avícola do Estado, concentrado em Santa Isabel do Pará. Com essa redução da produção em terras paraenses, os avicultores terão que comprar mais milho do Mato Grosso e de Goiás. Isso significa que o frango e os ovos podem chegar mais caros para o consumidor.

Além do engessamento na liberação das licenças ambientais na Sema, e também da Certidão do Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), uma espécie de CPF do produtor rural, cuja liberação, também difícil, compete ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), os produtores estão batendo de frente com outro sério problema, que é o aumento abusivo dos insumos agrícolas, principalmente do adubo, que teve um aumento de quase 100%. Mesmo que no final do ano o preço do adubo tenha baixado algo em torno 25%, isso em nada ajudou o produtor a reduzir custos, porque boa parte já havia adquirido adubo para dar início ao calendário agrícola, que hoje se encontra no pique da fase de plantio.

Para se produzir em um hectare de milho são necessários hoje R$ 1.800. O da soja sai por R$ 1.400 e o do arroz, R$ 1.000. Diante da carência de recursos, os produtores foram obrigados a reduzir a área de plantio de milho e plantar mais soja e arroz. Ambos tiveram suas áreas plantadas aumentadas de 12 para 16 e de 20 para 22 mil hectares, respectivamente.


CUSTO


Cálculos dos produtores indicam que, para preparar a terra e semeá-la com arroz, soja e milho, serão necessários pelo menos R$ 77,4 milhões. Uma média de R$ 1.400 por hectare. Dinheiro que cada um está correndo atrás, para conseguir cumprir seus planos de produção. 'O certo mesmo é que nós todos estamos plantando em áreas degradadas e nesses 12 anos de safra não derrubamos uma árvore sequer. Se ano passado, quando as exigências ambientais absurdas se acentuaram, já foi difícil plantar, nessa próxima safra vamos ter mais problemas e não sabemos ao certo o futuro que nos espera', lamenta Dulcimar Pensin.

Há cinco anos em Paragominas produzindo grãos, o matogrossense Michel Cambri é um dos produtores que ainda está correndo atrás de mais recursos para poder concluir o plantio nos cerca de mil hectares de terra, que ele arrendou na fazenda Morro Alto. Mas ele já decidiu reduzir de 450 para 200 hectares a área de plantio de milho. Perdi muitas semanas afastado da fazenda atrás de documentos para tentar atender a Sema e o Incra, e não deu em nada. Agora estou procurando financiamento para garantir minha sobrevivência', desabafou o produtor rural.

Descendentes de italianos que vieram para o Brasil trabalhar na agricultura, 'meu bisavô plantou no Rio Grande do Sul, o vovô no Paraná, meu pai no Mato Grosso e eu aqui no Pará', pai de duas filhas paraenses, Michel ainda se mostra otimista em relação ao futuro. 'Mas plantar na Amazônia não é fácil. E com essa crise financeira mundial, a situação pode ficar mais difícil para todo mundo, ate estourar lá na ponta, na mesa do consumidor', completa Michel Cambri.

Ministério exclui o Pará

Edição de 06/09/2005

Estado não recebe apoio do Ministério da Agricultura para comercializar safra de grãos e produtores não têm como competir com Estados do Centro-Oeste
Deslanchado a partir de 1995, com o plantio experimental de 20 hectares de milho na Fazenda Juparanã e de apenas três hectares de soja às margens da rodovia PA-256, o pólo produtor de grãos da região de Paragominas experimenta hoje, dez anos depois de ter iniciada a sua implantação, uma crise sem precedentes. E o pior é que, embora as raízes do problema estejam claramente identificadas, não houve, até o momento, uma ação efetiva da parte do governo federal no sentido de encaminhar as soluções adequadas.

De acordo com o empresário José Carminati, um dos pioneiros na implantação do pólo de grãos da região de Paragominas - que engloba também os municípios de Dom Elizeu, Ulianópolis e Ipixuna do Pará, todos cortados pela Rodovia Belém/Brasília -, os grandes gargalos enfrentados pelos produtores dizem respeito à armazenagem e à comercialização. Ele disse que, segundo informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os recursos para custeio e comercialização da safra 2005/2006, em todo o Brasil, serão de R$ 33,2 bilhões. Ao Estado do Pará, conforme frisou, não foi destinado um centavo sequer para comercialização.

A exclusão do Pará, por parte do Ministério da Agricultura, foi um dos equívocos denunciados pelos produtores rurais da região de Paragominas em correspondência dirigida na semana passada aos 17 deputados da nossa bancada federal em Brasília e também ao senador Fernando Flexa Ribeiro.

Mas há outros, igualmente levados ao conhecimento da representação parlamentar. Segundo José Carminati, os produtores rurais da região de Paragominas denunciaram que vêm lutando, há três anos, junto à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para obter o credenciamento de silos e armazéns e a inclusão do pólo regional entre os beneficiários das políticas do governo para o setor agrícola.

De acordo com a denúncia apresentada aos deputados e senadores, todos os esforços empreendidos com esse objetivo, até o momento, foram infrutíferos. Os produtores apresentam dados, planilhas e toda a documentação solicitada, mas esbarram sempre na imposição de novas exigências. “Eles (o Ministério da Agricultura e o pessoal da Conab) sempre alegam a falta de critérios técnicos”, destaca o documento encaminhado aos parlamentares.

Outro fato que revela claramente o desconhecimento (para não falar em desinteresse) do Ministério da Agricultura sobre a realidade paraense é o incentivo que continua sendo dado, aqui, ao consumo do milho produzido na Região Centro-Oeste. O Mapa, segundo José Carminati, continua fazendo leilões de milho para consumo no ParḠdando um subsídio de R$ 5,94 por saco de 60 kg ao produto vindo de Goiás e de R$ 6,72 ao de Mato Grosso.

Com isso, o milho subsidiado do Centro-Oeste chega aqui ao preço de R$
16,80 o saco de 60 kg. Sem o subsídio, seu custo seria de R$ 23,50.
Já o milho produzido em Paragominas chega até as granjas ao preço médio de R$ 19,00 o saco de 60 kg - ou R$ 2,20 a mais que o milho produzido lá fora e comercializado aqui com subsídio dado pelo governo. Se o mesmo benefício fosse concedido aos produtores locais, seriam substancialmente reduzidos os custos dos avicultores e se viabilizaria em definitivo a produção de milho no Estado. Pena que o Mapa e a Conab não se tenham apercebido, até hoje, do enorme potencial produtivo de que dispõe o Pará. “Com esses equívocos, infelizmente, o governo estabelece uma concorrência predatória, inviabilizando nossa atividade”, afirma o documento dirigido aos parlamentares.

Os produtores de Paragominas pediram a intermediação dos deputados e senadores, junto ao Ministério da Agricultura, no sentido de que sejam destinados ao Pará R$ 20 milhões para comercialização da produção agrícola e a inclusão do Estado no programa de preços mínimos do arroz. Em relação ao milho, eles pedem que a política de subsídios seja estendida aos produtores locais ou, pelo menos, que se reduza o valor do subsídio concedido ao produto do Centro-Oeste no período da safra paraense, que começa em maio e termina em agosto.

Lixo tóxico começa a ser retirado em Ulianópolis/PA

Das 26 empresas que colocaram resíduos tóxicos no pátio da Usina de Passivos Ambientais - Uspam, em Ulianópolis, 13 já atenderam a determinação da Sectam, retirando o material perigoso e dando destinação final exigido por lei.

Segundo o Coordenador de Fiscalização Ambiental da Sectam, João Henrique da Silva Filho, as empresas que ainda não providenciaram a retirada continuam sofrendo pressão e envolvidas em processos administrativos punitivos com o apoio do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Justiça do Estado que, através do Juiz Carlos Luiz Wolff Pina, decretou a interdição da Uspam por tempo indeterminado.

O material tóxico que está preocupando a população de Ulianópolis é composto por ingredientes altamente danosos para a saúde humana, como o caulim contaminado, embalagens de biócida, chumbo, fenol sólido em forma de placa refugada de eletro-eletrônicos, lâmpadas fluorescente, tanques de combustível contaminado, quartenário de amônio, barra de tinta, aparas de fenolite, entre vários outros.

Diante do volumoso processo que o caso redundou, João Henrique explicou que a Uspam recebia o material dessas empresas e repassava a elas o certificado de que as providências normais estariam sendo tomadas, sem que de fato isso ocorresse. Por seu turno, ainda segundo o chefe da fiscalização da Sectam, as empresas deveriam mandar um técnico acompanhar as ações da Uspam nesse sentido e nunca o fizeram, o que levou essas empresas a fazerem parte do processo, estando portando sujeito as penas judiciais que o caso requer. “As empresas dizem que confiavam na uspam e, agora, deverão pagar um preço por isso”, explicou Henrique. Ainda segundo a Sectam, as geradoras dos resíduos é que são responsáveis pela destinação final do produto, conforme obriga uma lei para o setor. Segundo João Henrique, atualmente o departamento Jurídico da Sectam está avaliando o processo para que as providências legais sejam tomadas. O Ministério Público Estadual continua dando assistência ao caso cobrindo todas as providências necessárias para que os direitos da população de Ulianópolis sejam garantidos.
Desde de 2002

Os resíduos tóxicos foram encontrados abandonados ao tempo numa área de 20 hectares no Km 12 da rodovia BR-010, na área rural de Ulianópolis, muito próximos a igarapés e vegetação normalmente usados pela população. O produto começou a ser estocado no pátio da Uspam em maio de 2002 quando a Companhia Brasileira de Bauxita (CBB), em São Paulo, acabou com as atividades de exploração de minério e criou a Uspam para dar a destinação final adequada aos resíduos tóxicos, o que acabou não acontecendo. Segundo João Henrique, a Sectam ainda não pode definir um prazo para a retirada total dos resíduos do pátio da Uspam mas garantiu que um monitoramento está sendo feito permanentemente e que este prazo dever ser “o mais breve possível”.( Diário do Pará)

Ulianópolis (PA) é o município que mais perdeu floresta amazônica para o gado. Poder de setores que desmatam se reflete nas eleições municipais



Desmatamento na Amazônia, em foto de arquivo MMA

76% de mata de campeã em desmate vai para pecuária - Ibama estima haver mais de 500 mil bois ilegais nas 36 cidades mais desmatadoras; São Félix do Xingu, no Pará, perdeu a maior área nativa

Mapeamento por radar dos 36 municípios que mais desmatam a Amazônia aponta Ulianópolis (PA) como o que já perdeu a maior parte de sua floresta -76%- para dar espaço à pecuária. O levantamento feito pelo Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), a que a Folha teve acesso, desfaz dúvidas levantadas no início do ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação às taxas oficiais de desmatamento. Da Folha de S.Paulo, 22/12/2008.

As imagens de radar, ainda mais precisas que as dos satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), já ajudam o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a localizar criadores de gado em áreas desmatadas ilegalmente e que sofreram embargo da atividade econômica.

A estimativa é que haja mais de 500 mil cabeças de gado em áreas desmatadas ilegalmente e que desrespeitaram o bloqueio de produção, disse Flávio Montiel, diretor de proteção ambiental do instituto. Segundo ele, entre 20% e 25% das propriedades autuadas desrespeitaram o embargo. Bois “piratas” podem ser apreendidos.

Tendências do desmatamento na Amazônia foram debatidas na semana passada em seminário em Brasília. O Estado do Maranhão passou a integrar o grupo de Estados que mais abatem a floresta. Lá, o desmatamento está mais associado à produção de carvão vegetal. Na fronteira agrícola, o problema decorre sobretudo do avanço da pecuária. Pará e Mato Grosso ainda lideram o ranking dos Estados mais devastadores.

Outra tendência verificada é de desmatamento em áreas menores, que fogem do alcance dos satélites do Inpe, feito supostamente de forma a tentar burlar a fiscalização. O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) avalia que o cumprimento das metas de desmatamento, fixadas no Plano Nacional de Mudanças Climáticas, exigirá grande esforço. Entre agosto de 2007 e julho de 2008, a Amazônia perdeu quase 12 mil quilômetros quadrados de mata.

“A expansão do desmatamento segue um padrão incontrolável”, disse o diretor-geral do Sipam, Marcelo de Carvalho Lopes. Os radares do Sipam rastrearam um território de cerca de 780 mil quilômetros quadrados -correspondente à área dos 36 municípios que registram ritmo mais acelerado de desmatamento-, entre os meses de março e outubro. Foram cerca de 350 horas de vôo. As imagens de radar já foram repassadas ao Ibama e ficarão disponíveis para a fiscalização em Estados e municípios.

Entre os 36 municípios, 7 já perderam mais da metade de suas florestas, embora a lei fixe o limite de desmatamento no bioma amazônia em 20% das propriedades. Da lista, São Félix do Xingu (PA) foi o que perdeu a maior extensão de floresta: 13,5 mil quilômetros quadrados, o que corresponde a 16% do território do município, um dos maiores do Brasil. Esse número ainda pode aumentar porque a análise das imagens ainda não foi concluída. Falta analisar cerca de 3% do total.

Mais da metade das cidades da lista (19) é de Mato Grosso. O governador do Estado, Blairo Maggi (PR), foi quem mais contestou os dados do Inpe quando o instituto apontou o aumento no ritmo do desmatamento na Amazônia.

Poder de setores que desmatam se reflete nas eleições municipais

O poder econômico e político dos desmatadores esteve presente nas eleições dos 36 municípios que mais derrubam a floresta na Amazônia.

Levantamento feito pela Folha a partir de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostra que 25 prefeitos eleitos (69%) nesses municípios são diretamente ligados ou receberam doações de campanha vindas de pessoas e empresas ligadas à agricultura, à pecuária e à indústria madeireira.

No Pará, Estado campeão do desmatamento entre agosto de 2007 e julho de 2008, segundo o Inpe, com 5.180 km2 derrubados, o resultado eleitoral de 10 dentre as 12 prefeituras da lista (83%) seguiu a regra. Em Mato Grosso, que teve o maior número de municípios na lista dos mais desmatados divulgada em janeiro (19), foi possível identificar a conexão em 14 campanhas vitoriosas (73%).

Em Juína (MT), a eleição do petista Alcir Peruzzo contou com a ajuda financeira do madeireiro Osmar Queiróz. Um dos 124 presos em 2005 pela Polícia Federal na Operação Curupira -que desmontou um esquema de exploração ilegal de madeira-, Queiróz doou R$ 3.000 à campanha de Peruzzo.

Em Lábrea (AM), 52% dos R$ 106.342 gastos na campanha à reeleição do prefeito Gean Campos de Barros (PMDB) vieram de duas doações feitas pelo empresário e fazendeiro Frederico Scheffer.

Reserva

O fazendeiro atualmente tenta na Justiça impedir a criação, pelo governo federal, da Floresta Nacional do Iquiri e da Reserva Extrativista de Ituxi. As duas áreas propostas estão localizadas nos 150 mil hectares que o fazendeiro possui no município amazonense.

Oito madeireiras doaram o equivalente a 40% dos custos da campanha do prefeito reeleito de Paragominas (PA), Adnan Demachki (PSDB). Ao todo, foram 12 depósitos, que somaram exatos R$ 170 mil.

Demachki disse ter recebido “com orgulho” a ajuda das madeireiras. Segundo ele, todas têm projetos de exploração legalizados, com planos de manejo. “Eu defendo o que é legal para o município. Uma dessas madeireiras tem selo verde [a certificação internacional do setor]. Outra só usa madeira reflorestada. Então, não vejo o que contestar”.

Peruzzo disse que teve doações de vários setores” em “pequenas quantidades” e que sua campanha foi “modesta e sem nenhum comprometimento”.

Informado por telefone do tema da reportagem, o prefeito reeleito de Lábrea chegou a marcar um horário para falar à reportagem, mas depois não atendeu às ligações.

Scheffer defendeu as doações feitas a Barros e disse que a vitória dele não o ajuda na ação judicial que move contra a criação das áreas de preservação. A advogada de Queiróz não respondeu à reportagem.

[EcoDebate, 23/12/2008]

sábado, 9 de maio de 2009

Secadores continuos sua operação





Link da postagem

http://www.widitec.com.br/maillist/revista_graos.htm

sábado, 18 de abril de 2009

Artigos cientificos do PA

População microbiana em Latossolo Amarelo e Terra Preta Arqueológica na Estação
Científica Ferreira Penna, Floresta Nacional de Caxiuanã, Município de Melgaço, Pará

http://www.museu-goeldi.br/semicax/CCTE_002.pdf

Limitações nutricionais para o cultivo de açaizeiro em latossolo amarelo textura média, Estado do Pará1

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-29452004000200052

RESPOSTA DO ARROZ À ADUBAÇÃO NITROGENADA EM
LATOSSOLO AMARELO SOB PASTAGEM DEGRADADA DE
PARAGOMINAS – PARÁ.

http://www.cnpaf.embrapa.br/publicacao/seriedocumentos/doc_196/trabalhos/CBC-TRAB_111-1.pdf

Seqüência Latossolo Amarelo - Podzólico Amarelo - Areias Quartzosas sob material da formação barreiras na região de Tucuruí, estado do Pará

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-90161994000200022

Zoneamento em Área Submetida a Diferentes Impactos
Antrópicos na Amazônia Oriental

http://marte.dpi.inpe.br/col/sid.inpe.br/deise/1999/02.08.09.47/doc/4_68o.pdf

Efeitos de diferentes usos da terra sobre as características químicas de um latossolo amarelo do estado do Pará1

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0044-59672006000200004

ALTERAÇÕES NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE UM LATOSSOLO AMARELO
EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO NORDESTE PARAENSE

http://www.sbsaf.org.br/anais/2004/pdfs/posters/secao_2/p7_14.pdf

PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE TUCURUÍ

http://www.sedurb.pa.gov.br/municipio/tucurui/pedologia_A3.pdf

NÍVEL CRÍTICO DE POTÁSSIO PARA FEIJÃO-CAUPI EM LATOSSOLO AMARELO
TEXTURA MÉDIA DO NORDESTE PARAENSE

http://www.cpamn.embrapa.br/anaisconac2006/resumos/SN03.pdf

Comportamento de atributos físicos de um Latossolo Amarelo sob agroecossistemas do Amazonas

http://br.monografias.com/trabalhos/comportamento-atributos-fisicos-latossolo-amarelo/comportamento-atributos-fisicos-latossolo-amarelo.shtml

Um Manual para a Produção de
Madeira na Amazônia

http://www.manejoflorestal.org/guia.cfm

Paragominas, PA

Paragominas



ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

HISTÓRICO

O processo de ocupação da área que mais tarde daria origem ao município de Paragominas, está relacionada ao povoamento do Estado do Pará, na década de 50, a partir da abertura de Rodovias e Projetos de Colonização. Foi efetivada com a presença de camponeses, que foram os pioneiros na região, antes da construção da rodovia Belém - Brasília, seguidos pelas primeiras companhias colonizadoras: Colonizadora Belém-Brasília, Colonizadora Marajoara e Cidade Marajoara, que não obtiveram êxito.

Mais tarde, o governo federal divulgou a instalação de uma colônia federal na região, que nunca chegou a se estabelecer, bem como os planos estaduais para a formação de duas colônias naquele território.

Registra-se, também, que antes mesmo da chegada dos camponeses, com autorização do Governo do Estado, especuladores de Goiás haviam penetrado na floresta, ao longo do rio Capim, com o objetivo de efetuar levantamentos e titular terras para compradores de Uberaba e Itumbiara, em Minas Gerais.

Posteriormente, a proximidade da rodovia BR-010 (Belém-Brasília), provocou uma grande procura pelas terras entre proprietários de Minas Gerais e Espírito Santo, além de companhias de especulação de terras de São Paulo, ao mesmo tempo em que camponeses penetravam na região, com o objetivo de enfrentar a competição com os "grileiros", que emitiam títulos falsos e os asseguravam, através do uso da força.

Houve uma rápida concentração de propriedades, nesse clima de violência, e as tentativas de colonização fracassaram. Porém, muitos colonizadores, na sua maioria imigrantes, se fixaram na área, de onde nasceu um povoado, que foi se estruturando. Posteriormente, devido a sua progressiva expansão, os moradores pleitearam a emancipação política administrativa daquele povoado.

O Município obteve autonomia em 1965, durante o Governo de Jarbas Gonçalves Passarinho, com a Lei nº 3.235, de 4 de janeiro, formado com área desmembrada de parte do município de São Domingos do Capim e parte do distrito de Camiranga, que pertencia ao município de Viseu.

Paragominas, em 10 de maio de 1988, através da Lei nº 5.450, no Governo Hélio Mota Gueiros, teve sua área desmembrada para criação do município de Dom Eliseu, antigo povoado chamado Felinto Muller, que foi elevado à condição de distrito, passando a se chamar Dom Eliseu.

O primeiro prefeito de Paragominas, Amílcar Batista Tocantins, foi nomeado pelo governo federal.
Sua denominação constitui a abreviação do nome de três Estados: Pará, Goiás e Minas Gerais.

No ano de 1991, o município de Paragominas teve seu território desmembrado, para a criação do município de Ulianópolis, através da Lei nº 5.697, sancionado pelo então Governador Jader Barbalho.

Atualmente, o Município é formado pelo distrito-sede (Paragominas).

CULTURA

A manifestação religiosa que merece destaque no município de Paragominas é a festa em homenagem a Santa Terezinha, que acontece na primeira semana do mês de outubro. Consta de procissão, missa, arraial e parque de diversões.

São realizadas, no Município, outras festas de caráter popular, como a Semana da Seresta, no início de janeiro, organizada pela Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), a Feira Agropecuária, em agosto, e a Feira da Integração, no início de novembro.

As danças típicas do Sul do país predominam nas manifestações de cultura popular, isso se deve ao fato de que sua população foi formada por grupos populacionais diversificados, oriundos das mais distantes regiões do País.

Os artesãos locais, utilizando a madeira, a linha e o sisal como matérias-primas, produzem móveis rústicos, entalhes e vasilhas utilitárias.

As praças da Bíblia e Célio Miranda (antes chamada de Três Corações, em homenagem aos fundadores da Cidade) constituem o patrimônio histórico de Paragominas.

No Município, existem um cinema e duas Bibliotecas Públicas como equipamentos culturais disponíveis.

ASPECTOS FÍSICO-TERRITORIAIS

LOCALIZAÇÃO

O município de Paragominas pertence à Mesorregião Sudeste Paraense e à Microrregião de Paragominas.

A sede municipal apresenta as seguintes coordenadas geográficas: 03o 00'00'S e 47o 21'30"W gr.


LIMITES

Ao Norte - Municípios de Ipixuna do Pará e Nova Esperança do Piriá
A Leste - Estado do Maranhão
Ao Sul - Municípios de Dom Eliseu, Ulianópolis e Goianésia do Pará
A Oeste - Município de Ipixuna do Pará

SOLOS

Os solos existentes no Município incluem várias associações, a saber: Latossolo Amarelo, textura muito argilosa, Latossolo Amarelo, textura argilosa e Concrecionários Lateríticos; Latossolo Amarelo, textura argilosa, Latossolo Amarelo, textura média e Areias Quartzosas. Há presença de Solos Aluviais e Solos Indiscriminados nas áreas de várzea.

VEGETAÇÃO

A vegetação originária do Município era representada pela Floresta Densa da sub-região dos Altos Platôs do Pará-Maranhão, pela Floresta Densa de Planície Aluvial e dos Ferraços. Entretanto, os constantes desmatamentos, provocados pelo avanço da agropecuária na região, reduziram, drasticamente, as grandes áreas cobertas pela floresta original, dominadas, hoje, por extensas áreas de Mata Secundária (Capoeira nos seus diversos estágios de desenvolvimento).


PATRIMÔNIO NATURAL

A alteração da cobertura vegetal natural em imagens LANDSAT-TM do ano de 1986, era de 24,324%. Contém parte do lado direito da bacia do rio Capim, parte do lado esquerdo da bacia do rio Gurupi. Também faz parte do seu patrimônio natural a Colônia Indígena do Canindé, com área total de 125.000 ha (1.250 km ²) na sua porção mais ao Sul.

TOPOGRAFIA

O Município possui uma topografia onde os níveis altimétricos apresentam pouca variação. Contudo, tais níveis se encontram em cotas mais elevadas que a média dos municípios da Microrregião de Paragominas. A referência que se tem é da sede municipal, onde a altitude alcança cotas aproximadas de 40m. Entretanto, mais ao Sul do Município, essas cotas crescem um pouco mais.

GEOLOGIA E RELEVO

A geologia do Município é representada pela formação de Itapicuru, do Cretáceo, que apresenta arenitos, predominantemente vermelhos, finos, caulínicos, argilitos vermelhos laminados e calcário margoso fossilífero.

Existe, ainda, a presença de sedimentos do Terciário, Barreiras e Quaternários subatual e recente. O relevo apresenta tabuleiros relativamente elevados e aplainados, formas colinosas dissecadas, baixos tabuleiros, terraços e várzea.

Morfoestruturalmente, faz parte da unidade que se convencionou chamar de Planalto Sul do Pará/Maranhão.

HIDROGRAFIA

Existem vários rios importantes no Município. Na porção Sudeste-Nordeste está o rio Gurupi, que separa o Pará do Maranhão. Na sua margem esquerda, aparecem vários afluentes, que se localizam no Município, tais como o Gurupizinho, o Uraim, o Coaraci-Paraná, o Croantá e o Piriá. Em direção oposta, no sentido Oeste, está o rio Surubiju, que limita o município com Rondon do Pará e recebe uma série de igarapés na sua margem direita, que pertencem a Paragominas. O rio Surubiju é, no Município, o afluente mais importante do rio Capim.

O rio Capim é outro curso d'água de maior importância do Município e serve de limite entre Paragominas e São Domingos do Capim. Primeiro possui a direção Oeste-Leste, depois, a direção Norte, até chegar ao paralelo de 3o, onde recebe o rio Candiru-Açu, seu último afluente da margem direita dentro do Município, serra do Tambaú de limite natural com São Domingos do Capim. O rio Uraiam banha a sede do Município a Noroeste.

CLIMA

O clima do município de Paragominas é do tipo mesotérmico e úmido. A temperatura média anual é elevada, em torno de 25o C.

O período mais quente, com médias mensais em torno de 25,5o C, coincide com os meses de primavera no hemisfério Sul, e as temperaturas mínimas diárias de 20o C, ocorrem nos meses de inverno no referido hemisfério (junho a agosto).

Seu regime pluviométrico fica, geralmente, entre 2.250 mm e 2.500 mm anuais.

As chuvas, apesar de regulares, não se distribuem, igualmente, durante o ano, sendo de janeiro a junho sua maior concentração (cerca de 80%), implicando grandes excedentes hídricos e, consequentemente, grandes escoamentos superficiais e cheias dos rios. A umidade relativa do ar gira em torno de 85%.



Fonte: SEPOF-PA
Portal Amazônia
06/02/2007 - KR

http://portalamazonia.globo.com/artigo_amazonia_az.php?idAz=637